21 + 1


Querido Leitor(a)(e),

Esse ano eu serei 21+1. Pensei em dizer uma coisa muito brega, muito mesmo. Mas deixa pra lá.

"Qual cor tu vai usar na virada?" – minha irmã me perguntou no que parecia ser a vigésima vez. Na semana mais esperada de dezembro, tivemos duas ocasiões tão especiais e ao mesmo tempo tão diferentes. Passar um tempo com a família, encontrar os amigos, descansar, festejar, todas essas atividades pareciam se acumular na última semana do ano. 

Eu não planejei a cor do Réveillon. Também não planejei qual roupa usar. De última hora, peguei o look que ficou melhor e fui encontrar algumas amigas no centro da cidade. A contagem regressiva para o novo ano também passou sem muito alarde. No meio da noite, do caos, das pessoas dançando, me peguei lembrando de ser criança, de passar a virada na igreja, de correr lá fora esperando os fogos de artifício, torcendo, desejando, orando por um ano melhor.

Quanto mais envelheço mais é inevitável perceber que muitas coisas na nossa vida não dependem só de mim. E ainda que eu acredite numa Força maior, ainda que espere que o universo olhe por mim – eu, esse ponto de luz tão minúsculo no centro de Teresina –, não posso fazer milhares de planos para mais um ano esperando que todos eles se realizem. Não vou depositar todas as minhas fichas nisso.

Ao invés disso, todo ano anoto no bloco de notas do celular quais serão as minhas prioridades, o que eu quero que aconteça e o que irei trabalhar para acontecer. Algumas dessas anotações são checklists, outras são projetos, outras são ideias de texto, muitas delas são sonhos –  que nem parecem tão distantes assim, pois agora, com meu pé no chão e olhando para mim mesma, eu sei até onde sou capaz de ir, o que posso aguentar e o que eu quero para mim.

Pensei muito sobre o que escrever para essa edição. A 21 significa muito mais para nós três do que seremos capazes de explicar. Nos últimos quatro anos, nós sorrimos, choramos, fizemos planos, desistimos de sonhos, estivemos longe e perto, mas nunca distante. 

À medida em que escrevemos nossos trabalhos finais do curso, que nos preparamos para a formatura (e para o futuro, assustador e desconhecido), a 21 nasce de novo. 

Escrever nessa plataforma é uma experiência antiga e muito significativa para mim, pois foi lendo blogs e tentando escrever os meus próprios que decidi vir até Teresina cursar Jornalismo, e assim pude conhecer essas que são minhas companheiras de palavras e sonhos.

Comecei esse texto falando sobre não planejar e apenas viver o momento –  ou tentei – , mas a verdade é que estive planejando sim levar essa revista adiante, ao menos este ano. 

Nos últimos meses eu conheci novas pessoas, novas culturas, novas linguagens. Tive novas experiências, fui arrancada da minha concha. Apenas uma coisa permanece igual: a vontade de continuar trabalhando nesse projeto que é meio revista, meio zine. (agora meio blog)

Eu só posso falar por mim mesma, mas desejamos compartilhar o máximo de ideias e pensamentos com você, que chegou até aqui e leu esse texto, que pulou de link em link, que apoiando ou não, gostando ou não da nossa escrita, esteve aqui e passou os olhos por essa página, o que significa que um pouco dessas palavras não são mais minhas, são suas.

Eu espero que a 21 seja um refúgio para você, tão perdido quanto nós, ainda aprendendo a navegar esse mundo, e também espero que seja uma ponte para conhecermos outras pessoas e projetos incríveis. E assim 21+1. Nós e você.

Brega, né? Eu sei. Mas seja paciente comigo pois é um novo ano. Estou mais emotiva e esperançosa do que jamais estive. E feliz de estar começando o ano com você e com as meninas. 

Espero que esse ano seja gentil com todos nós. 

Com amor, 

Dhara.

p.s. A aniversariante pode ser brega o tanto que quiser!

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