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Mostrando postagens com o rótulo Kálita

Eu já sonhei em ser estilista

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Antes de entrar na fase “tudo menos rosa”, eu era uma garota apaixonada por moda e roupas extravagantes. Minha mãe era assinante da revista Marie Claire e eu passava horas olhando os looks , os ensaios incríveis e as modelos que nunca foram parecidas comigo. A obsessão era tanta que eu guardava recortes de todas as roupas que eu considerava as mais estilosas em uma pasta. Eu cresci durante os anos 2000 então acho que dá para imaginar o que tinha naquela pasta. Talvez hoje eu já não achasse aquele compilado de recortes tão bonitos, mas até os 11 anos aquele era o meu mundinho e meu sonho.  Eu fico pensando no quanto as influências de fora nos distraem da nossa verdadeira essência. A Kálita de verdade sempre foi um pouco esquisita e sempre gostou de fazer combinações que nem sempre são óbvias. Ela sempre gostou de se fantasiar e se sentir uma pessoa diferente, dependendo da roupa que usa. Só que, com a chegada da pré-adolescência, eu fui por um caminho totalmente diferente, e depois ...

Em defesa da garota adolescente

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 (Just A Girl do No Doubt tocando no fundo) Garotas adolescentes são odiadas, e isso é um fato. Isso não quer dizer que não há pessoas que são mais odiadas por serem apenas elas mesmas. Mas o quero dizer é, garotas adolescentes sempre foram e até hoje são consideradas irritantes, chatas, exageradas, demais para esse mundo. Desde os seus 11 anos até os 17 (sendo gentil) a garota adolescente é uma inconveniência. Ela é sexualizada, ridicularizada, colocada num pedestal e depois queimada, ser uma garota adolescente nunca é certo.  Quando ela se veste com traços mais “masculinos” ela é estranha, quando se inclina para a hiperfeminilidade ela é estúpida, suas músicas são bobas, as bandas que ela gosta são vergonhosas, os livros que ela lê são péssimos. Ser uma garota adolescente nunca é certo.  Talvez seja por isso que sinto falta de ser uma garota adolescente. Há algo libertador quando nada do que você faz parece agradar. Dito isso, eu nunca fui muito “rebelde”, porém fazia c...

O que eu e Sísifo temos em comum, e a romantização da vida

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Comunicado: a autora desse texto tem conhecimento limitado sobre o livro e teoria abordados e vive cronicamente online Quando tento lembrar como passei o ano de 2022 um branco me vem à cabeça. Eu não poderia descrever o que aconteceu naqueles 365 dias nem com uma arma apontada para a cabeça. Mas acho que isso não é verdade. A verdade é que eu sei exatamente como passei todos os dias, todas as semanas, eu sei o que fiz todos aqueles dias. Eu comi, eu bebi, eu dormi, eu li, eu assisti, eu passei por dias tristes, pensei em desistir, eu fiz o mesmo que fiz em 2021 e 2020 e todos os outros anos. Eu vivi. Mas eu não aproveitei nada. Lembra daquelas aulas de filosofia em que você não prestava atenção em muita coisa, mas mesmo assim tem coisas gravadas na cabeça porque o subconsciente é um mistério? Mesmo sem querer eu tenho gravado em minha mente as histórias de Prometeu, Atlas e Sísifo. De uma forma ou de outra os três representam o mesmo conceito para mim, a mesmice de todos os dias. Penso...

Esse ano eu serei a pior versão de mim

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Isso é uma mentira. Gostaria de dizer que esse ano eu simplesmente serei egoísta, fútil, alienada e sem um pingo de medo, mas não é a verdade. Ainda assim, eu aprecio aqueles que se comprometem ao ato. Talvez alguns pensem, “mas por que ser a sua pior versão seria algo bom?”, e para isso eu tenho a resposta. Nem sempre a nossa melhor versão nos satisfaz, nem sempre o seu “eu” que todo mundo ama te serve, nem sempre o que você apresenta ao mundo te faz bem. Ser a sua pior versão é muitas vezes ter o controle de volta, é acessar uma parte sua que você sente vergonha e explorá-la, conhece-la, ser amiga dela, mesmo que por um curto período de tempo. Não quero que interpretem isso como uma desculpa para ser simplesmente cruel, mas quando é que você se permite agir como realmente quer? Quem é que ganha quando você é versão polida de si mesma? O tempo todo eu vejo pessoas obcecadas em mostrarem pro mundo o quão produtivas são, o quanto elas são caridosas, o quanto são organizadas, o quanto ...

O grito da Samara Weaving em Casamento Sangrento e porque todas nós somos final girls

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 Mulheres seminuas cobertas de sangue, femme fatales buscando vingança, pobres vítimas de assassinos loucos que, mesmo com poucas chances de sobrevivência, saem vivas de noites de terror indescritível. As final girls são uma forma de poder peculiar num mundo em que homens têm todo o poder. Okay, esse “poder” foi “dado” pelos diretores dos filmes que tinham mais em vista a estética da mulher sexy e ensanguentada fugindo do grande vilão do que mostrar alguma resiliência feminina. Contudo, essas vítimas que no final escapam do psicopata, ou até mesmo os matam, podem ter um significado que vai além de uma tropa de filmes de terror.  Samara Weaving em Casamento Sangrento Vou ser honesta, por muito tempo eu evitei filmes de horror e terror porque acima de tudo eu sou medrosa. Minha infância inteira eu tive pavor da máscara de Pânico (1995), o Ghostface era para mim um pesadelo. Então só fui conhecer a icônica Sidney Prescott no final da minha adolescência, quando o terror dos film...

21 motivos para fazer playlists

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 O primeiro motivo é bem óbvio: você pode organizar suas músicas com base na vibe e nos momentos que elas representam. Mais praticidade na hora de procurar o que ouvir. Você pode criar uma trilha sonora para qualquer situação. Compartilhar uma playlist com quem você ama também é uma linguagem do amor. Acordou meio triste e capenga? É só colocar uma playlist tristonha, sem se preocupar com um funk proibidão atrapalhando sua vibe. Dia de academia? Nada de escutar Ed Sheeran. Você tem sua própria playlist de reggaeton para te ajudar na hora de fazer agachamentos. Sabe quando você está revoltada com a vida e só quer saber de gritar? Aquela seleção de músicas de bandas punk feministas é a única coisa que pode te ajudar. Por que não fazer uma playlist inspirada na sua série preferida? E no seu livro favorito? Noite de cabaré? Você precisa de uma playlist de safadeza, é obrigatório! Postar aquela playlist nos “Melhores amigos” do Instagram – que só tem aquela pessoa que você quer pega...

A volta do jeans cintura baixa e porque quando é minha vez de ser adulto tá tudo mais difícil

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Lara Matos, estudante de Jornalismo. Reprodução: Arquivo pessoal. O ano era 2008. Eu assistia algum filme da Barbie na televisão, provavelmente A Princesa e a Plebeia (o *melhor* filme do universo cinematográfico da Barbie). Minha mãe estava do meu lado com um fio de nylon na mão enquanto eu segurava o outro lado e ela colocava as miçangas. Esse era um ritual comum em nossa casa, eu era obcecada por pulseiras, anéis e colares feitos de miçanga e todo mês uma nova leva de bijuterias eram confeccionadas por nós duas. Aqueles fios cheios de flores, quadradinhos e todas as formas possíveis, eram o que eu considerava o ápice da moda, acompanhados de uma bota, claro. E essa era a realidade não só para garotinhas de 8 anos como eu, mas para jovens até os seus 20 anos. Os anos 2000 foram uma época de minissaias, blusas tomara que caia, óculos extravagantes e rosa, muito rosa. É claro que para falar sobre os anos 2000 os jeans de cintura baixa não podem ser deixados de fora. Sendo sincera, essa...